Ter um sono ruim é tão prejudicial para a saúde do coração e do cérebro quanto fumar cigarros tradicionais ou eletrônicos, ser obeso e levar uma vida sedentária.
De acordo com a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), 80% das doenças cardiovasculares são evitáveis. Isso porque a maioria dos riscos associados a esses problemas está ligada à dieta e estilo de vida. Agora, pela primeira vez, um sono de boa qualidade também faz parte destes fatores. Além de evitar o sono ruim, a nova métrica recomenda que adultos devem dormir de 7 a 9 horas por noite para uma saúde cardiovascular ideal. Para crianças, a quantidade varia de acordo com a idade.
Sete métricas
A AHA atualizou pela primeira vez em 12 anos o Life’s Simple 7, um conjunto de sete métricas, composta por comportamentos e fatores de risco para a saúde, que ajuda a avaliar a saúde do coração e do cérebro. A diretriz foi criada em 2010, quando a AHA estabeleceu a ambiciosa meta de reduzir a mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC) e doenças cardiovasculares em 20% até 2020. A boa notícia é que posteriormente ficou constatado que a saúde do cérebro e do coração estão intimamente relacionadas e, portanto, cuidar de uma, contribui para a outra e vice-versa.
Sono passa a integrar as métricas
A atualização da diretriz foi publicada na renomada revista Circulation e recebeu o nome de Life’s Essential 8, pois além dos sete fatores originais - tabagismo, alimentação, atividade física, nível de colesterol, glicose no sangue, índice de massa corpórea (IMC) e pressão arterial -, passou a incluir o sono. Para incluir o item na lista de prioridades, a AHA se baseou em diversos estudos sobre o impacto do sono ruim na saúde.
Efeitos do sono ruim
Estudos mostram que o sono ruim ou de curta duração está associado à pressão alta, colesterol elevado e aterosclerose. O sono ruim também aumenta a probabilidade de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC.
O sono ruim também está relacionado ao ganho de peso, já que noites mal dormidas podem acarretar no desequilíbrio dos hormônios que controlam o apetite, causando a queda da produção da substância que gera a saciedade e aumentando a que gera a fome. Além disso, o sono ruim tende a elevar o cortisol (hormônio do estresse), o que pode contribuir para gerar o acúmulo de gordura abdominal.
Lapsos de memória também podem ser frequentes em casos de pessoas que têm sono ruim.
Outras atualizações
Além de incluir a qualidade de sono, o documento conta com outras atualizações: os critérios poderão ser aplicados desde a infância, a partir dos dois anos de idade; a exposição ao fumo passivo e ao vapor gerado pelo cigarro eletrônico passaram a ser considerados como fator de risco, não apenas o tabagismo; o colesterol não-HDL (o famoso "colesterol ruim) deverá ser usado no lugar do colesterol total para medir os lipídios no sangue; e a hemoglobina A1c deverá ser medida como parte da avaliação do nível de glicose no sangue.
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